Nas viagens pelo Interior para cumprir agenda de palestras, o que tem se transformado numa rotina permanente, aproveito para fazer matérias de impacto. Na semana passada, por exemplo, fui informado em Araripina, a 700 km do Recife, que mais de 70 famílias que perderam as suas terras em razão das obras da ferrovia Transnordestina ainda não receberam as suas justas indenizações, o que é algo muito grave, diante do avanço do projeto. Constatei a boa notícia de que o projeto está saindo do papel, mas sem que o Governo cumpra o seu papel social.
Enquanto a transposição estanca, dispensa trabalhadores e atrasa pagamentos de terceirizados, as obras da Transnordestina andam a todo vapor no sertão pernambucano. No trecho de Lagoa do Barro, em Araripina, onde haverá uma estação de embarque e desembarque dos produtos que serão transportados na região, encontrei pontes sendo erguidas, trabalhadores dando duro, mas muitas famílias revoltadas porque não viram a cor do dinheiro a que teriam direito com a invasão das suas terras agrícolas pelas obras tocadas pela Odebrecht.
Encontrei, é verdade, sinais de que não se trata de um elefante branco como a transposição, mas um projeto real e viável. Duas pontes gigantes já foram levantadas e o próximo passo será a chegada dos equipamentos para montagem dos trilhos. São mais de 70 pais de famílias que deram entrada em toda a documentação para o processo de pagamento das suas terras e benfeitorias e até agora estão com a sensação de que levarão um tremendo calote. “Seu” Joaquim Santos é um desses. Morador das redondezas, ele perdeu um lote pequeno, “um canto de cerca”, como ele diz, no valor de apenas R$ 10 mil. Já estou perdendo minha esperança”, diz ele.
O engenheiro Marçal Fernandes, da Odebrecht, reconhece que a burocracia retardou o pagamento das indenizações, mas disse que só faltam receber apenas 10 famílias. Não é o que diz o vereador Evilásio Mateus (PDT), que mora na localidade. “A Odebrecht está minimizando. O drama social é mais grave”, alerta.
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